lunes, 6 de septiembre de 2010

Que a força do medo que...


“Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe seja linda, ainda que triste.
Que a mulher que amo seja pra sempre amada mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece, e nem repetidas com fervor.
Que sejam apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora, se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que penso, mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto num doce sorriso, que eu me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui e a outra metade não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria, pra me fazer aquietar o espírito.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba e que ninguém a tente complicar, pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia, e a outra metade é canção.
Que a minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor, e a outra metade também”.


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